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segunda-feira, 1 de abril de 2013

UM FAREJADOR DE DEMÔNIOS NA COMISSÃO DOS DIREITOS HUMANOS.



UM FAREJADOR DE DEMÔNIOS NA COMISSÃO DOS DIREITOS HUMANOS.



A Comissão dos Direitos Humanos, antes de sua chegada, era dominada por satanás, afirma o pastor e deputado Marco Feliciano (Vejam o vídeo e a matéria no estadão.com.br). O sujeito é realmente incorrigível. Está numa cruzada contra o diabo, mas no lugar errado. Se ele quer combater satanás, que o faça no lugar adequado para isso: na sua igreja. Lá ele vai encontrar pessoas que, como ele, acreditam na realidade do diabo. A velha “arte” medieval de farejar demônios não combina com o espírito que atribuímos ao parlamento. Levar satanás para a Comissão dos Direitos Humanos e das Minorias é a demonstração cabal de que o sujeito não quer debater os temas da Comissão, mas exorcizar o espírito maligno que ele julgar ter se apossado daquele espaço. Já não se trata mais apenas de preconceito, de racismo e de homofobia (como se isso fosse pouca coisa). Estamos testemunhando uma escalada do obscurantismo evangélico militante (ou de certas lideranças evangélicas, já que Feliciano NÃO É unanimidade entre os evangélicos) e de um movimento, com enorme poder de voto e de barganha política, que pretende colocar a política sobre a tutela da fé. Feliciano quer transformar a Comissão num púlpito para doutrinar e evangelizar as minorias desgarradas de deus. Quer transformar a Constituição num manual de demonologia.
Feliciano fala em nome de Jesus e se considera “cheio do espírito santo”. Deveria ler melhor as parábolas de Jesus, especialmente João 8:7 (“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”), verdadeiro monumento contra a intolerância, e recolher delas alguma sabedoria para lidar com o mundo que ele crê girar em torno do seu umbigo (igreja). Exercitando livremente o anacronismo, a ocasião exige, eu diria que o pastor Feliciano estaria entre aqueles que carregavam pedras para atacar a mulher adúltera. Foi intimidado por Jesus, recolheu-se à sua miséria moral, guardou as pedras e agora as atira contra negros, gays e quem mais contrariar suas verdades. Feliciano é a manifestação circunstancial deste espírito de intolerância que atravessa os tempos apedrejando a vida que teima em existir fora dos muros da cidadela dos eleitos.

4 comentários:

  1. Nossa, que explicação magnífica, concordo plenamente com o que li, Parabéns...

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  2. Paulo, o "diagnóstico" é tão absurdo que eu me pergunto: será que esse cara RELMENTE acredita no demônio? Meu deus, será que ele vê o mundo assim, ou a igreja é meio, não fim, para exercitar uma espécie de lucidez que sabe como levar o povo ao limbo?

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    Respostas
    1. Andressa, duvido muito que ele acredite em demônios. O demônio, nas mãos de figuras como Feliciano, é um poderoso recurso, uma categoria, para explicar, e continuar explicando, o mundo pela fé. E um recurso altamente mobilizador.

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