A
MILÍCIA CASTRISTA ATACA EM GUARARAPES. Uma lição às avessas.
Yoani
não é a heroína anti-castrista construída pela mídia liberal brasileira. Tampouco
é a vigarista mercenária odiada pelos admiradores do regime cubano. Uma e outra
são expressões do oportunismo e do fanatismo político. Mas afinal, quem é Yoani
Sánchez? Não tenho a resposta. A melhor maneira de descobrir é lendo os seus
textos no blog Generación Y e o livro “De Cuba, com Carinho”. Sem ler o que ela
escreve fica difícil formar uma opinião. Aceitar as versões que circulam por aí,
sem conhecer o teor das críticas que ela dispara contra o governo cubano, é se
deixar influenciar e levar pelas opiniões dos outros e exercitar-se na malemolência
intelectual da expressão “Maria-vai-com-as-outras”.
Nesta
madrugada a blogueira cubana desembarcou no Recife e foi recebida por um grupo
de mais ou menos 20 pessoas pertencente ao “Fórum de
Entidades de Solidariedade a Cuba”. Os gigantes da democracia e da liberdade de
expressão gritavam palavras de ordem – “fora Yoani” –, exibiam cartazes que
exaltavam as conquistas da revolução e, pelo menos um deles, tentou esfregar notas
falsas de dólar no rosto da visitante.
Os “revolucionários” de plantão no Aeroporto Internacional de Guararapes,
portadores daquela verdade singular que lhes autoriza pisar sobre a verdade dos
outros, estavam ali para defender os “54 anos de liberdade”!!! Ou seja, os loooooonnnnngos
54 anos que os irmãos Castro ocupam o poder. Kadafi ficou só 42 anos. Devia ter
ouvido mais Fidel e Raúl. Um dos “revolucionários” exibia um cartaz acusando
Yoani de ser “agente da Cia.”. Outro, mais exaltado, teria puxado o cabelo da
cubana.
Perguntada sobre os protestos, Yoani respondeu: “Isso é a
democracia. Queria que em meu país pudéssemos expressar opiniões e propostas
diferentes com esta liberdade”. Já no Brasil, depois da calorosa recepção, postou
um texto no seu blog comentando o ocorrido no aeroporto do Recife:
“El
aeropuerto de Recife un lugar para el abrazo. Allí encontré a muchas personas
que durante años me han apoyado en mi empeño de viajar fuera de las fronteras
nacionales. Hubo flores, regalos y hasta un grupo de gente insultándome que me
gustó mucho –lo confieso- porque me permitió decir que yo soñaba con que “algún
día en mi país la gente se pudiera expresar públicamente así en contra de algo,
sin represalias”. Un verdadero regalo de pluralidad, para mí que llego de una Isla
a la que han intentado pintar con el monocromático color de la unanimidad. Más
tarde me asomé también a una Internet tan rápida que casi no comprendo, sin
páginas censuradas ni funcionarios mirando por el hombro la página que visito.”
Os bravos heróis de Guararapes, bancando a tropa de choque do castrismo,
mostraram a visitante um dos significados da democracia, embora eles próprios
não compreendam isso muito bem. Foi uma lição às avessas (e ELA entendeu). Na
terra de onde a blogueira vem, e que eles tanto reverenciam, seriam mandados
para a cadeia se tentassem organizar um protesto como este. A lição foi dada, mas
foi como se tivessem jogado pérolas aos porcos (ELES não vão entender).
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