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terça-feira, 7 de maio de 2013

O QUE A REVISTA FORBES NÃO SABIA. OU: A Fortuna de Fidel Castro Segundo Emir Sader.


O QUE A REVISTA FORBES NÃO SABIA. OU: A Fortuna de Fidel Castro Segundo Emir Sader.



Estava prevendo isso. Emir Sader, como era de se esperar, saiu em defesa de Fidel Castro contestando a revista Forbes que calculou a fortuna do ditador e o colocou na lista dos homens mais ricos do mundo. Num artigo publicado no portal Carta Maior, intitulado “A Fortuna de Fidel”, o articulista saiu com esta: 

“Forbes tem razão: Fidel possui uma fortuna incalculável. Não é propriedade dele, mas o verdadeiro proprietário – o povo cubano – associa essa riqueza diretamente a ele, porque foi sob sua direção que ela foi construída.”  


O que o povo cubano, não este idealizado pelo sociólogo, diria sobre ser proprietário de tamanha fortuna? 

A capacidade laudatória deste sujeito, em se tratando de Cuba e de Fidel, não tem limites (Emir só fica atrás de Salim Lamrani, o apologista mor do regime cubano). Leiam a sequência do texto: 

“É a maior riqueza do mundo, porque nenhum outro país a possui. E é incalculável, porque ela não pode ser contada em números, não pode ser fixada em preço, não pode ser vendida, nem comprada. Trata-se dos direitos econômicos, sociais e culturais conquistados nestas já quase cinco décadas. Trata-se dos valores humanos associados estreitamente a eles.” 

Fidel não tem fortuna pessoal. É um homem desapegado de bens materiais. Deve ter feito voto de pobreza quando se converteu ao comunismo. É um sacerdote da política, um “pedagogo dos povos”, diria Frei Betto. A fortuna é do povo. Do abençoado e afortunado povo cubano que teve a sorte, ou o destino histórico, de ter um Fidel como comandante. Ou como escreveu um amigo meu: “a fortuna não é dele. ele é só fiel depositário do povo. Esta forbes não sabe nada.” As mansões e as Mercedes de Fidel não são dele, são do povo. Fidel é um verdadeiro franciscano, que gosta de presentear amigos com bens de luxo. Gabriel Garcia Márquez foi um deles. Ganhou de presente do ditador franciscano que veste “Adidas” uma mansão no bairro Siboney, em Havana, e um automóvel Mercedes Benz, para melhor desfrutar de suas temporadas na ilha. Querem detalhes desta amizade e da circunstância em que o presente foi dado? (Ver “Gabriel García Márquez e Fidel Castro - Os Segredos de uma Amizade”, de Ángel Esteben e Stéphanie Panichelli). Uma curiosidade: Fidel ter trocado os monocromáticos uniformes militares por abrigos da Adidas não caiu muito bem, não é? Não combina com o anti-imperialismo dos seus discursos. O “Fórum Internacional sobre Direitos Trabalhistas” denunciou que a Adidas explora o trabalho infantil no Paquistão, na China, na Índia e na Tailândia, nas fábricas de bolas de futebol. Será que Fidel fez, em nome do povo, um contrato com a multinacional para ampliar ainda mais a fortuna do “povo cubano”? Acho que não. Acho que o discurso anti-imperialista do comandante é apenas uma defesa, como diria Nelson Rodrigues: “O tal ódio aos americanos não chega a ser um sentimento, não chega a ser uma paixão. É uma defesa. (...) O imperialismo é culpado de tudo e nós, de nada.” Pensando bem, Fidel fica melhor de Adidas do que de uniforme militar! Vestir a marca multinacional realça mais as contradições do comandante.



O próprio Emir Sader, critico virulento do imperialismo, já usou os dados da revista Forbes como fonte num artigo intitulado “A economia política das drogas”: "Um dos seus chefões, Joaquin Guzman, entrou para a lista mundial dos bilionários da Forbes". Neste caso, a lista é séria e a indicação da revista é válida? Emir, o senhor também ficaria bem de uniformes Adidas! Aproveita e dá um de presente para Salim Lamrani.

No portal Carta Maior, onde Emir publica seus textos, a revista Forbes já foi citada como referência algumas vezes. No artigo “Os Ultramilionários”, por exemplo, aparece a seguinte citação: “A relação de ultramilionários do mundo voltou a alcançar máximas históricas, informa a 'Forbes': agora essa lista é formada por 1426 nomes com um valor patrimonial líquido de aproximadamente 5,4 trilhões de dólares. É algo inquietante.” A revista, portanto, goza de alguma credibilidade no portal, não é mesmo? Ou isto vale apenas para medir as fortunas dos “capitalistas”?

Agora, que o centro das atenções é Fidel Castro, Emir resolveu criticar e dizer, em tom de descrédito, que “obsessão pelos números é típica dos norte-americanos”. Tem como levar um sujeito como este a sério? Porque não fez isso antes? Quando os dados numéricos e a quantificação de fortunas da revista lhe interessam ele os usa sem problemas, mas quando seus correligionários estão na linha de fogo ...
Fico imaginando se a revista tivesse publicado sobre a fortuna de FHC ou sobre o patrimônio da Globo! Provavelmente Emir diria: “segundo a prestigiada e imparcial revista Forbes, FHC possui fortuna pessoal avaliada em ...”. 

Forbes no dos outros é refresco.

3 comentários:

  1. Sim, entendo! Da mesma forma que a igreja da idade média, sendo a maior latifundiária da terra, dizia sobre sua riqueza: O PATRIMÔNIO DE CRISTO!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Não consigo encontrar a matéria da Forbes. Você pode me ajudar? Por gentileza, enviar o link para o meu email: geleal@mac.com. Obrigado.

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