REVOLUÇÃO E
ESCATOLOGIA: A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA E A ESCASSEZ DE PAPEL HIGIÊNICO.
Como já era de se
esperar, o governo de Nicolás Maduro não vai ter vida fácil. A política do
governo de controle dos preços de produtos básicos, praticada desde 2003, tem
provocado escassez de alimentos. O desabastecimento sazonal de alguns produtos
como laticínios, café, açúcar, azeite, manteiga, leite e farinha de milho, para
preparar as arepas, espécie de pão dos venezuelanos, vem causando transtornos e
complicações para a revolução. “Revolução” sem pão, não dá.
O que já estava ruim, piorou.
A crise de abastecimento alcançou agora a higiene dos venezuelanos. O papel
higiênico sumiu das prateleiras. Virou artigo de luxo, dizem alguns. Sem pão até
que vai, dá para improvisar, mas sem papel higiênico. A guerra de informações e
acusações é ensurdecedora. O governo culpa os empresários, os grupos de
oposição e uma "campaña mediática" que estaria promovendo uma demanda
excessiva do produto pra desestabilizar o país. Alguns denunciam uma sabotagem
da direita. Os empresários e representantes dos consumidores, por sua vez, culpam
o governo. Alguns economistas afirmam que a escassez de produtos decorre dos controles
de preços para tornar produtos básicos acessíveis para os mais pobres, e também
dos controles cambiais impostos pelo governo. Roberto Léon, presidente da
Associação Nacional de Usuários e Consumidores (Anauco) diz que é uma questão
de matemática simples: não é possível pedir a um empresário que importe ou
produza e saia perdendo. Segundo Léon, por conta da falta de variedade, há
muitos anos os venezuelanos deixaram de poder optar sobre a qualidade dos
produtos que entram na sua despensa. "É preciso que o vizinho avise que
chegou azeite ao supermercado. Aí você vai correndo comprar, enfrenta fila e
descobre que não vai ser possível pegar o melhor". William Sayago,
subgerente de um centro comercial em Caracas, garantiu que: "Não tem papel
porque aqui o papel é vendido muito barato, não no preço real. Ninguém quer
produzir nem importar” (Informações retiradas de sites e agências
internacionais).
Quer dizer, o estado,
que tem o controle de tudo, não consegue sequer garantir o papel higiênico.
Quem sabe a “revolução”, como interprete da vontade do povo, não baixa uma
norma proibindo os venezuelanos de evacuar sem necessidade. Ou declara de vez
que o uso de papel higiênico é um capricho burguês ou uma imposição do imperialismo.
Cagada por cagada...
O ministro do comércio,
Alejandro Fleming, vanguarda da “revolução”, reagiu ao desconforto da escassez
do produto e, na semana passada, anunciou que vai importar 50 milhões de rolos
de papel. A ideia é "saturar" o mercado local e acabar com a "campaña
mediática" que promove uma excessiva demando do produto. "Vamos a
traer 50 millones para demostrarle a esos grupos que no lograran
doblegarnos". "La revolución traerá al país el equivalente a 50
millones de rollos de papel higiénico (...) para que nuestro pueblo se
tranquilice y comprenda que no debe dejarse manipular por la campaña mediática
de que hay escasez".
Fleming nega que exista
escassez. No banheiro dele certamente não. Num típico delírio bolivariano, evoca
a poderosa imagem da “revolução” como entidade protetora da higiene popular. “La revolución” trará 50 milhões de rolos de
papel. A “revolução” não vai deixar o povo na mão.
Triste sina a da
revolução: garantir o papel higiênico. Será esta a contribuição bolivariana à história
das revoluções? Escatologia por
escatologia eu ainda preferia aquela que anunciava o derradeiro e luminoso
porvir. Nunca imaginei que um dia a “revolução” acabaria encurralada num vaso
sanitário!
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