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segunda-feira, 20 de maio de 2013

REVOLUÇÃO E ESCATOLOGIA: A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA E A ESCASSEZ DE PAPEL HIGIÊNICO.



REVOLUÇÃO E ESCATOLOGIA: A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA E A ESCASSEZ DE PAPEL HIGIÊNICO. 




Como já era de se esperar, o governo de Nicolás Maduro não vai ter vida fácil. A política do governo de controle dos preços de produtos básicos, praticada desde 2003, tem provocado escassez de alimentos. O desabastecimento sazonal de alguns produtos como laticínios, café, açúcar, azeite, manteiga, leite e farinha de milho, para preparar as arepas, espécie de pão dos venezuelanos, vem causando transtornos e complicações para a revolução. “Revolução” sem pão, não dá.

O que já estava ruim, piorou. A crise de abastecimento alcançou agora a higiene dos venezuelanos. O papel higiênico sumiu das prateleiras. Virou artigo de luxo, dizem alguns. Sem pão até que vai, dá para improvisar, mas sem papel higiênico. A guerra de informações e acusações é ensurdecedora. O governo culpa os empresários, os grupos de oposição e uma "campaña mediática" que estaria promovendo uma demanda excessiva do produto pra desestabilizar o país. Alguns denunciam uma sabotagem da direita. Os empresários e representantes dos consumidores, por sua vez, culpam o governo. Alguns economistas afirmam que a escassez de produtos decorre dos controles de preços para tornar produtos básicos acessíveis para os mais pobres, e também dos controles cambiais impostos pelo governo. Roberto Léon, presidente da Associação Nacional de Usuários e Consumidores (Anauco) diz que é uma questão de matemática simples: não é possível pedir a um empresário que importe ou produza e saia perdendo. Segundo Léon, por conta da falta de variedade, há muitos anos os venezuelanos deixaram de poder optar sobre a qualidade dos produtos que entram na sua despensa. "É preciso que o vizinho avise que chegou azeite ao supermercado. Aí você vai correndo comprar, enfrenta fila e descobre que não vai ser possível pegar o melhor". William Sayago, subgerente de um centro comercial em Caracas, garantiu que: "Não tem papel porque aqui o papel é vendido muito barato, não no preço real. Ninguém quer produzir nem importar” (Informações retiradas de sites e agências internacionais). 

Quer dizer, o estado, que tem o controle de tudo, não consegue sequer garantir o papel higiênico. Quem sabe a “revolução”, como interprete da vontade do povo, não baixa uma norma proibindo os venezuelanos de evacuar sem necessidade. Ou declara de vez que o uso de papel higiênico é um capricho burguês ou uma imposição do imperialismo. Cagada por cagada...

O ministro do comércio, Alejandro Fleming, vanguarda da “revolução”, reagiu ao desconforto da escassez do produto e, na semana passada, anunciou que vai importar 50 milhões de rolos de papel. A ideia é "saturar" o mercado local e acabar com a "campaña mediática" que promove uma excessiva demando do produto. "Vamos a traer 50 millones para demostrarle a esos grupos que no lograran doblegarnos". "La revolución traerá al país el equivalente a 50 millones de rollos de papel higiénico (...) para que nuestro pueblo se tranquilice y comprenda que no debe dejarse manipular por la campaña mediática de que hay escasez".

Fleming nega que exista escassez. No banheiro dele certamente não. Num típico delírio bolivariano, evoca a poderosa imagem da “revolução” como entidade protetora da higiene popular.  “La revolución” trará 50 milhões de rolos de papel. A “revolução” não vai deixar o povo na mão. 

Triste sina a da revolução: garantir o papel higiênico.  Será esta a contribuição bolivariana à história das revoluções?  Escatologia por escatologia eu ainda preferia aquela que anunciava o derradeiro e luminoso porvir. Nunca imaginei que um dia a “revolução” acabaria encurralada num vaso sanitário!

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