GEORGE ROMERO E A
SECULARIZAÇÃO DOS ZUMBIS.
“O único mito
moderno é o dos zumbis.”
(Deleuze e
Guatarri).
As narrativas sobre
mortos que retornam à vida povoam o imaginário dos povos desde a antiguidade. Nas
mitologias antigas, passando pela literatura romântica, pelo neo gótico europeu
e, por fim, chegando ao cinema, os mortos-vivos pontuam a trajetória histórica
dos vivos traduzindo suas crenças e sublinhando seus excessos e desmedidas.
Não vou fazer um
inventário das narrativas sobre mortos-vivos, muito menos tentar buscar uma
origem. São muitas as variações, os nomes e os significados que o fenômeno assumiu
em diferentes condições históricas. Os mortos-vivos que nos acostumamos a ver
nos filmes nas últimas quatro décadas, tirando o fato de que retornaram da
morte, não guardam qualquer semelhança com os congêneres do passado. Não há uma
continuidade que possa ser desfiada e percorrida, ligando os zumbis de hoje com
os de outros tempos.
Meu interesse
concentra-se nos chamados zumbis modernos, isto é, na figura do zumbi
construída pelas narrativas cinematográficas da década de 1960. Acompanho os
filmes e a trajetória zumbi no cinema, e suas variações fenomenológicas, desde
o final da década de 1970. “Night of the Living Dead” marcou minha adolescência
e despertou meu interesse pelo que poderíamos chamar de estética e filosofia zumbi.
Perdi a conta de quantas vezes revi o filme. E a cada vez que revejo descubro
nuances, diálogos ou um ângulo que ainda não tinha percebido. Que grande filme!
Os Zumbis modernos são
uma alegoria política. Não é terror pelo terror e as explicações sobre suas
possíveis origens não circulam pela esfera do sobrenatural. Desde a década de
1960, estas criaturas assustadoras são usadas no cinema como uma poderosa
metáfora crítica originária do mundo anglo-americano para apontar, por um lado,
os excessos das sociedades capitalistas e da sociedade de (hiper)consumo e, por
outro, chamar a atenção para as lutas por direitos civis. Já se tentou ver nos
filmes de zumbi a alienação do proletariado, mas aí já é uma forçada de barra
violenta e uma ideologização excessiva dos mortos-vivos.
George Romero é sem
duvida o grande inventor da estética e da temática zumbi como nós a conhecemos
hoje. Entretanto, os zumbis despertam a imaginação cinematográfica, pelo menos,
desde a década de 1930.
Narrativas Zumbis Antes
de 1968.
Os filmes sobre
mortos-vivos realizados antes de 1968 tinham duas diferenças básicas em relação
aos filmes pós 68: havia uma explicação para o fenômeno e as criaturas não comiam
gente. Um breve retorno a estas narrativas anteriores a década de 1960 visa tão
somente enfatizar a ruptura promovida pelos filmes de George Romero.
“White Zombie”, de
1932, dirigido por Victor Halperin, é um dos filmes mais representativos da
época. Resumidamente, pessoas eram transformadas em zumbis após ingerirem uma
poção mágica manipulada por um feiticeiro vodu. No filme, um casal americano
viaja para o Haiti para celebrar o casamento. A noiva (Madeleine) é objeto da
cobiça de um homem (Beaumont) que contrata os serviços de um feiticeiro para
possuí-la. Bela Lugosi interpreta o feiticeiro Legendre que, com filtros
mágicos, reanima os mortos para fazê-los trabalhar na sua fábrica. O feitiço vodu
é feito com um cachecol de Madeleine. O plano é matar a moça, reanimá-la e
entrega-la a Beaumont. Alguma coisa sai errada e ela volta como uma zumbi, uma
“zumbi branca” incapaz de manifestar qualquer tipo de sentimento. As criaturas
criadas por Legendre, diferentemente dos assustadores e vorazes zumbis da era
Romero, eram corpos dóceis, adormecidos e domesticados, não pela disciplina
fabril, mas pelos feitiços do mago. Não ofereciam perigo aos vivos. A
representação do zumbi estava associada a uma visão folclórica das religiões
afro-caribenhas e os feiticeiros em geral eram haitianos. Em outros casos
explorava-se a mitologia egípcia. No filme inglês “O ressuscitado” (“The
Ghoul”), dirigido por T. Hays Hunter em 1933, um egiptólogo, interpretado por
Boris Karloff, dedica sua vida à busca da chave para a imortalidade. Seu plano
não dá certo e ele volta à vida como um zumbi para amaldiçoar aqueles que
violaram sua tumba. (Os dois filmes estão disponíveis no youTube).
“The Serpent and the
Raimbow” (“A maldição dos mortos-vivos”), dirigido por Wes Craven em 1988,
retomou esta abordagem ao tratar do tema pelo viés da magia e do sobrenatural. Bill
Pulman interpreta um antropólogo norte-americano que vai ao Haiti estudar casos
de mortos que retornam a vida e se vê envolvido numa trama sinistra de magia
vodu.
Nas décadas de 1950 e
1960 a figura do zumbi foi se afastando da representação mágico-religiosa e
assumindo novas feições. O termo zumbi assumiu diferentes significados e passou
a designar uma variedade de criaturas ameaçadoras. No seriado americano
“Zombies of the Stratophere”, de 1952, os zumbis eram invasores marcianos com
traços humanoides. Para viveram mais perto do sol e garantirem a
sobrevivência do seu ecossistema, os marcianos pretendiam trocar a órbita de
Marte pela da Terra. O plano dos marcianos consistia em usar uma bomba de
hidrogênio de Teller-Ulam para afastar a terra para longe do sol.
Em “Zombies of
Mora-Tau”, de 1957, mergulhadores sob o comando de um milionário americano tentam
resgatar diamantes nos destroços de um navio afundado na costa africana. Os
diamantes, no entanto, são protegidos pela tripulação do velho navio
transformada em mortos-vivos para proteger a preciosa carga até que a maldição
se desfaça.
Jerry Warren, no filme
“Teenage Zombies” (1959), misturou ficção científica e conspiração
internacional. Quatro jovens americanos encontram por acaso uma ilha controlada
por um cientista. Patrocinado por agentes estrangeiros o cientista (Dr. Myra)
pretendia transformar os Estados Unidos numa nação zumbi. Os garotos são presos
em gaiolas e submetidos aos efeitos de drogas hipnóticas. Depois de escaparem
recebem como recompensa um prêmio pela descoberta da ilha e encontram-se com o
presidente dos Estados Unidos.
Apesar da salada de
monstros, a designação zumbi apontava para os perigos que cercavam o mundo, e
os Estados Unidos, na imaginação cinematográfica americana naquele contexto
(Estabelecer algumas conexões entre os zumbis, os esquemas de financiamento dos
filmes e a guerra fria oportunizaria ângulos inéditos para estudar aquele
período). Alguns especialistas consideram estas variações da figura do zumbi
como uma transição para o que se convencionou chamar de zumbi moderno. Não
partilho deste ponto de vista. Os mortos-vivos dos anos 30 e 40, os dos anos 50
e 60 e os pós 68 são três formas distintas de representação dos zumbis ligadas
as questões políticas, sociais e estéticas das respectivas época. A ideia de
uma transição é duplamente infeliz: (a) pulveriza a singularidade dos filmes
das décadas de 50 e 60 ao considerá-los simplesmente como passagem entre duas
formas definidas de representação; (b) comporta um que de previsibilidade
histórica que, francamente, não existia.
A Laicização dos
Zumbis.
Coube a George Romero a
laicização dos zumbis no cinema e a ruptura com a representação
mágico-religiosa. Embora “A Epidemia dos Zumbis” (“Plague of the Zombies”), de
1966, já os mostre de outra maneira, foi “Night of the Living Dead”, dirigido
por Romero em 1968 que criou a versão moderna dos zumbis. “A Epidemia de
Zumbis”, dirigida pelo inglês John Gilling, foi ambientada num povoado inglês
na distante década de 1860. Pela mão de George Romero os mortos-vivos foram
trazidos definitivamente para o século XX, e se tornaram uma poderosa arma de
crítica social. Os dois filmes seminais fazem parte de um movimento
cinematográfico denominado, não sem controvérsias, “splatterpunk”.
Foi uma reação, ou uma revolta no meio cinematográfico, contra os filmes de
terror tradicionais.
Vou me deter na trilogia
dirigida por Romero e explorar brevemente os aspectos sociais e políticos
abordados nos filmes.
1.
Night
of the Living Dead.
Em “A Noite dos Mortos
Vivos” (1968), lançado quando a guerra do Vietnã e o racismo dividiam a
sociedade norte-americana, Romero dá o papel de protagonista a um ator negro
(Duane Jones). A trama gira em torno de um grupo de pessoas que se refugia numa
casa de fazenda, na região rural da Pensilvânia, para se proteger de uma
multidão de mortos-vivos que inexplicavelmente voltaram a caminhar sobre a
terra. Um homem chamado Ben (um negro) lidera o grupo de sobreviventes (todos
brancos) contra os zumbis famintos. Ao contrário dos outros, Ben é equilibrado,
tem bom discernimento, senso de justiça e voz de liderança. Chega mesmo a bater
num branco egoísta e desequilibrado que só pensa em salvar a própria pele. O
assassinato injustificado de Ben por um caipira boçal é um tapa na cara da
violência racial e, para muitos, uma homenagem a Martin Luther King e Malcom X,
líderes do movimento negro assinados na mesma época. Um estudioso da obra de
Romero considera que o filme estava conectado com “às realidades contemporâneas
e às questões que estavam na ordem do dia em fins da década de 1960: o racismo,
o colapso da família nuclear americana e a ressurreição do conservadorismo
político” (Bem Hervey). Alguns críticos europeus leram o filme como uma
alegoria do ano de 1968 (Eu não chegaria a tanto). O lançamento do filme,
considerado subversivo, impactou a sociedade americana. A violência explicita
(mortos-vivos devorando pessoas) e o final perturbadoramente apocalíptico
criaram embaraços a Romero, que foi acusado de estar ligado a cultos satânicos
e atacar os valores religiosos. Algumas produtoras só aceitavam distribuir o
filme com o título “Night oh the Flesh Eaters”, excluindo algumas cenas mais
violentas e incluindo um final menos pessimista.
“Night of the Living
Dead” (que ganhou um remake em 2006) criou o conceito de “apocalipse-zumbi” e
modelou a estética do subgênero. O filme desamarrou os mortos-vivos das
concepções religiosas, promovendo a secularização dos zumbis, e os transformou
em metáforas sanguinolentas para abordar os problemas políticos, os conflitos
sociais e a falência do estado e da família tradicional. Os zumbis de Romero
são assustadores, mas o verdadeiro perigo reside nas relações crescentemente
tensas que vão se estabelecendo entre os sobreviventes. Os conflitos humanos
são mais mortais que as mordidas dos mortos-vivos.
Quem acha que filmes de
zumbis são carnificinas de mau gosto, precisa rever suas opiniões. “Night of
the Living Dead” é um filme político inserido numa narrativa de terror,
conectado com as questões políticas e os movimentos pelos direitos civis
daquele momento. Não é um filme fácil de ver. Não tem os atrativos dos efeitos
especiais dos filmes mais recentes, como “A Guerra Mundial Z”, os atores
carregam na dramaticidade e exageram nos gestos (tinham formação mais teatral)
e o filme não usa de jogos de sedução e erotismo com o espectador explorando a
sensualidade dos atores. É definitivamente um filme de outro mundo, feito para
outro público com uma sensibilidade cinematográfica distinta da nossa. Os
personagens não são heroicos, são homens e mulheres comuns refugiados numa casa
cercada por mortos-vivos, presos a uma situação de desespero e confinamento, lidando
com os conflitos que vão surgindo.
2.
Dawn of the Dead.
“Dawn of the Dead” (“O
Despertar dos Mortos”), lançado em 1978, segue uma linha um pouco diferente. A
metáfora desta vez é dirigida contra o consumismo. Os efeitos do
apocalipse-zumbi assumem proporções bem maiores do que no primeiro filme. A
sequência inicial é no pacato subúrbio de Milwaukee, Wisconsin.
Uma enfermeira (Sarah Polley) chega em casa depois de um dia duro de trabalho.
O casal dorme e na manhã seguinte sobrevém o pesadelo. Uma garotinha do bairro
entra na casa da enfermeira (Ana) e, sem mais nem menos, ataca o casal. Ana
foge, entra no carro e sai em disparada, deixando para trás o marido zumbi e o
bairro mergulhado no pânico e no terror. Ana e um grupo de sobreviventes,
reunidos ao acaso, se refugiam num shopping para não serem devorados por zumbis
famintos. O mundo que eles conheciam desabou. As pessoas estão por si mesmas.
Não há mais leis, famílias, dinheiro, escolas, polícia, lares. Não existe
autoridade. Em situações como esta, sugere o filme, os indivíduos se mostram
sem os disfarces morais e as máscaras sociais habituais. Ao invés da ética e
dos códigos de comportamento, resta a luta a qualquer custo para escapar da
morte. Os sobreviventes se organizam como podem para continuar vivos. Depois de
se abrigar, e conseguir manter os zumbis do lado de fora, o grupo se entrega
aos deleites do templo do consumo e saqueia orgiasticamente as lojas de
departamentos. Presos num shopping, com tudo a disposição e sem ninguém para
lhes impedir, devoram, num ímpeto consumista, tudo o que está ao seu alcance. Por
um momento, esquecem-se do pesadelo. Experimentam momentos daquela felicidade
paradoxal (Lipovetsky)
que embala os sonhos de consumo, mas que logo se desfaz. Depois das orgias de
consumo sobram o tédio, o vazio, as ressacas morais e a presença incômoda do
outro. As pessoas que escaparam da morte devoram umas as outras num jogo
impiedoso de egoísmos, julgamentos, mesquinharias e falsidade.
O filme é ambientado
nas imediações e no interior de um shopping center. Os shoppings tiveram seu
alvorecer nos Estados Unidos na década de 1960. Romero recria, a sua maneira, o
clima de entusiasmo generalizado e histeria em massa que marcou o surgimento
destes espaços. Centenas de zumbis cercam o lugar – que frequentavam antes de
morrer – tentando entrar para satisfazer a insaciável fome. Depois de entrar, os
mortos-vivos andam de um lado para outro por corredores, galerias e escadarias,
e empurram carrinhos carregados de produtos que não vão usar. Emblemático!
3.
Day of the Dead.
“Day of the Dead” é o
ultimo filme da trilogia “Dead Series”, de Romero. O filme é de 1985. Algum
tempo depois dos acontecimentos de “Dawn of the Dead”, os zumbis se espalharam
pelo mundo. Nos Estados Unidos apenas uma base subterrânea fortificada nos
everglades da Flórida abriga um grupo de cientistas e militares que realizam
experiências com mortos-vivos para encontrar a cura para a epidemia. O
cientista chefe (Dr. Logan) acredita que os zumbis podem ser treinados por meio
de técnicas disciplinares e serem convertidos em criaturas dóceis. Bud não é um
zumbi qualquer. Ele é um produto do saber científico e de estratégias
disciplinares. Primeiro, ele tem um nome. O nome o individualiza e o distingue
das figuras anônimas e indistintas que se arrastam nas hordas anárquicas. Segundo,
ele foi escolhido e nomeado pelo Dr. para ser submetido aos experimentos
científicos visando dotá-lo de alguma subjetividade para que possa ser
disciplinado e controlado. Os laços entre disciplina, subjetividade e controle são
evidentes. Os exercícios de repetição e as técnicas de punição e recompensa
insistentemente empregados pelo Dr. objetivam domesticar o zumbi e construí-lo
como um indivíduo capaz de responder a estímulos e comandos. Controlar Bud
significa disciplinar seu apetite irrefreável e fazê-lo sujeitar-se a alguma
regra (Recomendo um texto sobre este filme, publicado no blog Ensaios
Ababelados).
Os personagens confinados
no abrigo militar são simbólicos e representam, não por acaso, as forças
armadas, o saber médico-científico e as pessoas comuns. Os militares, sádicos
ao extremo, querem simplesmente eliminar os zumbis. Os cientistas, opondo-se à
truculência dos soldados, querem estudar as criaturas para encontrar uma forma
de controlá-las por meio de experimentos científicos. Os militares,
abusivamente autoritários, desprezam as intenções dos cientistas e se impõem
pela força. Em meio ao caos as duas forças antagônicas e disciplinares – o
poder militar e o saber científico - tentam, cada uma a sua maneira, impor uma
ordem, uma disciplina. As massas de zumbis (creio que neste caso o conceito de
massa funciona perfeitamente), sem organização, sem direção e sem subjetividade,
representam a negação da ordem e dos jogos de poder. Eles são apenas potência
primitiva, cujo fim último de sua existência é comer. O (não)ser do zumbi se
resume a um apetite incontrolável. As pessoas comuns, no meio do fogo cruzado
entre militares e cientistas, desejam apenas continuar vivendo. Presos entre o
pesadelo dos mortos-vivos e as disputas entre os vivos, apenas sobrevivem. Os
desentendimentos entre os personagens, e as disputas pelo poder e o controle do
abrigo, tornam impossível a união pela sobrevivência.
A utopia disciplinar do
Dr. Logan foge do controle. O esforço para reinventar a ordem por meio do saber
médico-científico é literalmente devorado pela desordem ontológica que as
hordas de zumbis carregam. O poder e o saber que instituíram a ordem do mundo
foram subjugados pelo apetite primitivo que não reconhece regras, valores,
instituições, e que não atende a nenhum estímulo a não ser o desejo imanente,
incontrolável e inconsciente de comer. Potência não normatizável, movida por
necessidade pura, o zumbi funciona como o elemento desagregador da sociedade
disciplinar. É o mais autêntico monstro do século XX. Um monstro coletivo
implacável e indiferente. Uma multidão desmemoriada e destituída de moralidade.
Massa amorfa, faminta, anônima e putrefata que se desloca lentamente e vai engolindo
o mundo a sua volta.
George Romero
estabeleceu a linguagem, a estética, os clichês e os subtextos críticos deste
subgênero de filmes de terror. Os zumbis ganharam aspectos mais verossímeis e
mais assustadores e passaram a representar a ameaça imanente à ordem social. O
apocalipse-zumbi, a sombria e secular invenção de Romero, é a dissolução da
civilização e um retorno à animalidade. Os mortos herdaram a terra, mas não pretendem
prestar contas a deus.
O eixo da narrativa nos
três filmes gira em torno de grupos de sobreviventes que se organizam para
resistir às hordas famintas de mortos-vivos. Nos três casos a ameaça ao grupo
está no próprio grupo. Os zumbis formam um pano de fundo assustador, mas nada
que se compare as relações de poder, ao egoísmo e ao oportunismo rasteiro que
emergem na dinâmica do convívio entre os membros do grupo. Focando no grupo, ou
nas interações que vão se estabelecendo entre os indivíduos, Romero desfere
duras críticas à sociedade americana das décadas correspondentes aos três
filmes. Como escreveu um crítico norte americano, no mundo de Romero o zumbi,
distante de suas raízes haitianas, é muito mais do que uma criatura em busca de
intestinos quentes para saciar a fome. O zumbi é uma força para a transformação
social.