A Comissão dos Direitos Humanos, antes de sua chegada, era
dominada por satanás, afirma o pastor e deputado Marco Feliciano (Vejam o vídeo e a matéria no estadão.com.br).
O sujeito é realmente incorrigível. Está numa cruzada contra o diabo, mas no
lugar errado. Se ele quer combater satanás, que o faça no lugar adequado para
isso: na sua igreja. Lá ele vai encontrar pessoas que, como ele, acreditam na realidade
do diabo. A velha “arte” medieval de farejar demônios não combina com o espírito que
atribuímos ao parlamento. Levar satanás para a Comissão dos Direitos Humanos e
das Minorias é a demonstração cabal de que o sujeito não quer debater os temas
da Comissão, mas exorcizar o espírito maligno que ele julgar ter se apossado daquele
espaço. Já não se trata mais apenas de preconceito, de racismo e de homofobia
(como se isso fosse pouca coisa). Estamos testemunhando uma escalada do
obscurantismo evangélico militante (ou de certas lideranças evangélicas, já que
Feliciano NÃO É unanimidade entre os evangélicos) e de um movimento, com enorme
poder de voto e de barganha política, que pretende colocar a política sobre a tutela
da fé. Feliciano quer transformar a Comissão num púlpito para doutrinar e evangelizar
as minorias desgarradas de deus. Quer transformar a Constituição num manual de
demonologia.
Feliciano fala em nome de Jesus e se
considera “cheio do espírito santo”. Deveria ler melhor as parábolas de Jesus,
especialmente João 8:7 (“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o
primeiro que lhe atire pedra”), verdadeiro monumento contra a intolerância, e
recolher delas alguma sabedoria para lidar com o mundo que ele crê girar em
torno do seu umbigo (igreja). Exercitando livremente o anacronismo, a ocasião
exige, eu diria que o pastor Feliciano estaria entre aqueles que carregavam
pedras para atacar a mulher adúltera. Foi intimidado por Jesus, recolheu-se à sua miséria moral, guardou as pedras e agora as atira contra negros, gays e
quem mais contrariar suas verdades. Feliciano é a manifestação circunstancial deste
espírito de intolerância que atravessa os tempos apedrejando a vida que teima em
existir fora dos muros da cidadela dos eleitos.
Nossa, que explicação magnífica, concordo plenamente com o que li, Parabéns...
ResponderExcluirPaulo, o "diagnóstico" é tão absurdo que eu me pergunto: será que esse cara RELMENTE acredita no demônio? Meu deus, será que ele vê o mundo assim, ou a igreja é meio, não fim, para exercitar uma espécie de lucidez que sabe como levar o povo ao limbo?
ResponderExcluirAndressa, duvido muito que ele acredite em demônios. O demônio, nas mãos de figuras como Feliciano, é um poderoso recurso, uma categoria, para explicar, e continuar explicando, o mundo pela fé. E um recurso altamente mobilizador.
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