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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

ESTELIONATO INTELECTUAL E FANATISMO POLÍTICO: As Fake News e as ameaças à Democracia.

ESTELIONATO INTELECTUAL E FANATISMO POLÍTICO: As fake news e as ameaças à Democracia.



“O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos.”
Nietzsche.

O estelionato intelectual combinado com o fanatismo político alcançou o paroxismo. Sites oportunistas e vigaristas espalham notícias falsas, as chamadas fake news (eles vivem disso), e os fanáticos compartilham sem ao menos verificar a autenticidade das informações (o fanático não precisa ver para crer). O fanático é aquele sujeito crédulo, que ama ou odeia cegamente, embora acredite ter visão privilegiada, e vê tudo sob o prisma estreito do maniqueísmo. O fanático se manifesta no plano das certezas e se relaciona com a política como se fosse religião. São autoritários, usam linguagem agressiva, intimidam, e nunca colocam sua fé (política) em julgamento. Quando o fanatismo passa a ser alimentado por estelionatários intelectuais, na velocidade da internet, a “coisa” pode assumir proporções perigosas.

Li ontem num desses sites pilantras, identificado como horadasnoticias.com, a seguinte “notícia”: “Maduro Ameaça Invadir o Brasil se Dilma Cair c/os Protestos, compartilhe comente p/ + pessoas saberem”. É isso mesmo, e escrito desta maneira. Logo abaixo do título, sem nenhuma explicação ou apresentação, aparece um vídeo com um discurso de Nicolás Maduro no qual supostamente a “ameaça” teria sido feita. Assisti ao vídeo e em nenhum momento o presidente Venezuelano menciona qualquer tipo de ameaça de invasão, ainda que velada, ao Brasil (Assim operam os estelionatários intelectuais). Acompanhado de militares, o que é rotineiro num estado militarizado como é a Venezuela, Maduro parabeniza Dilma e celebra a vitória de um “governo progressista” na América.

Suponhamos que Maduro tivesse, sei lá, fora do juízo, feito a “ameaça”, o que seria bastante grave. Ora, quem acompanha as peripécias do herdeiro de Chávez, e tem um mínimo de discernimento, sabe que o sujeito é o campeão das bravatas e dos gestos inconsequentes. E a “ameaça”, se tivesse sido feita, não passaria disso, de uma bravata. Deduzir de uma declaração infeliz (que não foi dada) de uma figura autoritária e folclórica como Maduro uma trama de esquerda para enredar o Brasil nas malhas do bolivarianismo, como se tem feito, é, além de pilantragem política, um desses delírios que o fanatismo provoca. Mas o que esperar de pessoas que formam sua visão política se informando no submundo inescrupuloso do jornalismo? Se não sabem distinguir uma boa fonte de informação, seja da tendência política que for, e se não se preocupam em verificar a autenticidade das notícias que compartilham, como conseguiriam ter algum discernimento político? 

Para os vigaristas, que plantam estas notícias falsas, e os fanáticos, que as espalham como se fosse o novo evangelho, não importa se o conteúdo é ou não é verdadeiro. O que importa é o efeito deletério sobre o adversário. Para derrubar o PT vale tudo. É o método deles, e neste sentido são pares siameses daquela fração inescrupulosa de petistas que eles tanto odeiam.

A difusão de noticias falsas, como a da suposta invasão do Brasil pelos chavistas, embaladas por teses fantasiosas e vigaristas, originou as hiperbólicas bobagens sobre a venezuelização e cubanização do Brasil, que chegou ao cúmulo com o ridículo pedido de ajuda – a tal da “petição” contra a “expansão comunista”- encaminhado ao presidente Obama por fanáticos antipetistas (Passei duas décadas incomodado com o autoritarismo e o fanatismo petista. Quem diria que agora o que me incomoda é o fanatismo contra o PT! Na verdade, estou me lixando para o PT. Eles merecem. Minha preocupação é com a nossa democracia e com a tentativa de desestabilização de um governo democraticamente eleito. O governo Dilma vai além do PT. O PT? Bem, o PT, como diz o ditado, está colhendo o que plantou. Que aprenda com tudo isso e se reinvente).

O bolivarianismo, que eles sequer entendem, a cubanização e a venezuelização, são os moinhos de vento dos setores autoritários e delirantes da “direita” brasileira. A “esquerda” tem os seus moinhos de vento clássicos, mas os da “direita”, se olharmos com uma boa dose de humor, são cômicos. A ameaça (inexistente) do bolivarianismo e a importância que conferem ao (irrelevante) Foro de São Paulo, visto como matriz ideológica de uma espécie de “pátria grande” comunista ou bolivariana nas Américas, tornaram-se ideias fixas de alguns setores desta “coisa” nebulosa e generalizante que chamamos de “direita” (Espero que as pessoas sérias que se identificam com as ideias da “direita” não se sintam ofendidas). Os mais exaltados e autoritários defendem uma intervenção militar, nos moldes de 64, para salvar o Brasil do apocalipse comunista. Não adianta manda-los estudar, ler livros de história. O problema parece ser cognitivo.

O que dizer para esta gente:

- Que o Foro de São Paulo, criado pela combinação de esforços do PT com o PC cubano, num contexto marcado pelo desabamento do comunismo soviético e das teses do “fim da história” de Fukuyama, doze anos antes do PT chegar ao governo, surgia como importante e legítima alternativa, concordemos com ela ou não, para pensar a integração regional e o desenvolvimento da América latina e do Caribe, para além das proposições e orientações do Consenso de Washington? Era um contraponto importante e necessário para uma América Latina que caminhava para absolutismo de mercado e o “pensamento único”, expressão cunhada por Ignacio Ramonet, em 1995. O Foro encarnava uma espécie de anti-consenso, fundamental para pensar e propor alternativas aos ventos monetaristas que sopravam do norte. Mas para quem vê no Foro apenas a tentativa de “implantação do comunismo na América”, e se contenta com certos manuais e catecismos políticos que circulam no ambiente virtual, fazer o que.

- Que o Foro de São Paulo, hoje, além de inexpressivo e impotente, não passa de um espaço obsoleto de discussão que reúne as esquerdas heterogêneas do continente, com trajetórias diversas, que vão desde os partidos de centro-esquerda até os grupos armados, e que esta diversidade paralisa as ações do Foro?

- Que nas tais Atas do Foro, para quem está familiarizado com os debates no campo da esquerda, não encontramos nada além das velhas teses sobre socialismo e imperialismo afirmadas pelos grupos arcaicos e menos expressivos da esquerda continental, e que o comunismo, que alguns grupos fanáticos pertencentes ao Foro ainda defendem, não passa de uma teimosa crença racionalista que sobrevive apenas no plano teórico dogmático (e na cabeça da direita fanática)?

- Que as chances de o Brasil virar uma nova Cuba, ou de mergulharmos num processo de venezuelização, são iguais, exercitemos a imaginação, a possibilidade de avistarmos São Jorge na lua, montado num cavalo branco e fumando um charuto cubano?  

Não levem estas bobagens sobre o Foro e a tal “venezuelização” tão a sério. Elas emburrecem.
O encontro do estelionato intelectual com o fanatismo político oferece uma boa explicação para a foto abaixo. Imagino que os eleitores sérios e honestos do Aécio, avessos aos messianismos, devem se sentir envergonhados.


  
“Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo”.

Diderot.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O ÓDIO COMO CATEGORIA E O ÓDIO COMO SENTIMENTO DESPREZÍVEL: A Guerra de Ódios e o Governo Dilma.

O ÓDIO COMO CATEGORIA E O ÓDIO COMO SENTIMENTO DESPREZÍVEL: A Guerra de Ódios e o Governo Dilma.



Em maio do ano passado Marilena Chauí declarou, diante de uma plateia lotada, que odiava a classe média. O ódio cultivado da filósofa recebeu milhares de curtidas, foi compartilhado, aplaudido e reverenciado. Quando parte da classe média manifestou ódio ao PT e aos nordestinos, pela derrota do Aécio nas urnas, os admiradores de Chauí protestaram acusando as manifestações de racistas, ignorantes e repulsivas.

Nesta guerra de ódios, de que lado você está? Eu estou do lado de Gandhi (“O mundo está farto de ódio”).

Ajudem-me a entender. O ódio expresso pela filósofa é um sentimento diferenciado, nobre e esclarecido? Os títulos acadêmicos, a autoridade intelectual e, quem sabe, a posição política, conferem ao ódio outro status? Marilena Chauí elevou o ódio à condição de categoria explicativa da luta de classes no Brasil. É isso que torna o ódio dela aceitável e, portanto, legítimo?

O ódio ao PT cresce assustadoramente no Brasil. Teremos quatro anos dificílimos pela frente, com o país divido politicamente ao meio. Marilena Chauí deveria saber que não é com ódio que ao ódio se dá combate. A divisão social e política do país entre Elite X Trabalhadores, baseada num conceito rudimentar e deslocado de classe, que o PT explorou e alimentou de maneira maniqueísta, simplista, preconceituosa e às vezes agressiva, se voltou contra o governo Dilma.

Não é com ódio, ainda que sofisticado pela chancela filosófica e sociológica, nem com zombarias e provocações baratas, daquelas que fazemos quando o time de futebol adversário é derrotado, que vamos defender o governo Dilma. Precisamos sair pelo caminho contrário ao do senador Aloysio Nunes, que exalava ódio enquanto declarava guerra à Dilma, e buscarmos o diálogo. Sempre o diálogo, principalmente nas mobilizações de rua que virão pela frente.

“Não odeies o teu inimigo, porque, se o fazes, és de algum modo o seu escravo. O teu ódio nunca será melhor que a tua paz.” (Jorge Luis Borges)

“Quem dá expansão ao ódio, destrói sua própria casa.” (Frase Judaica).

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O PSDB É O PAI DO “BOLSA FAMÍLIA” ASSIM COMO OS MAIAS SÃO OS PAIS DO FUTEBOL.

O PSDB É O PAI DO “BOLSA FAMÍLIA” ASSIM COMO OS MAIAS SÃO OS PAIS DO FUTEBOL.





Bola oferecida pelo deus Asteca Xiuhtecuhtli. A bola, feita com látex, é decorada com uma pena (provável homenagem a Quetzalcoatl). Os Astecas chamavam o "jogo" de "tlachtli".

(Códice Bórgia)




Os tucanos insistirem nesta conversa de que o “Bolsa Família” nasceu nos governos do PSDB é mais ou menos como dizer que o Futebol foi inventado pelos Maias, o Cinema pelos Chineses e a Globalização iniciou-se com Alexandre, o Grande. A narrativa da paternidade construída pelo PSDB, além de oportunista, e de querer pegar carona no que deu certo, carece de perspectiva histórica (Se o PSDB quer reivindicar paternidade, é porque o programa deu certo, não é mesmo?).

O “poc-ta-tok” praticado pelos Maias, que alguns apontam como a origem remota do futebol, era um “jogo” ritual, baseado nas crenças míticas, de cujo resultado, até onde sabemos, dependia o equilíbrio da ordem cósmica do universo, a regeneração ritualística da vida e, em alguns casos, o sacrifício humano dos “derrotados”. O rito Maia não guarda qualquer semelhança com o futebol, esporte inventado pelos ingleses no final do século XIX. Pretender apontar os Maias como os pais do futebol é passar por cima das diferenças abissais que separam o RITO mesoamericano do SPORT que conhecemos e, ao mesmo tempo, perder de vista as singularidades de cada um deles. Diferentemente do ritual Maia, o futebol, visto como sport, obedecia a uma lógica matemática, estava submetido ao pulso do cronômetro e perseguia um padrão de eficiência e produtividade quase industrial. Afirmar que os Maias foram os pais do futebol confunde, deseduca e não favorece o pensar historicamente, pois não ajuda a entender nem o ritual Maia nem o esporte que praticamos hoje.

Preciso falar do “Bolsa Família”?




sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O PROGRAMA “MAIS MÉDICOS” E A SILENCIOSA CUBANIZAÇÃO DO BRASIL.


O PROGRAMA “MAIS MÉDICOS” E A SILENCIOSA CUBANIZAÇÃO DO BRASIL.


ALERTA!

A notícia é bombástica! E a grande imprensa, pra variar, infestada de comunistas, não noticia nada. A cubanização do Brasil está em andamento. Nosso valoroso exército conseguiu adiá-la no saudoso ano de 1964. Infelizmente nossas forças armadas foram sucateadas e enfraquecidas politicamente e a ameaça está de volta. É um processo silencioso iniciado em 2003 e que foi acelerado nos dois últimos anos, tendo em vista a possibilidade de derrota nas urnas do governo comunista brasileiro. O alerta foi dado. Defendam suas famílias, suas propriedades, suas bolsas importadas, seus iPods, seu direito de comer em bons restaurantes. As hostes castristas, financiadas pelo governo comunista do Brasil, já estão dentro das nossas fronteiras.

As informações ainda são vagas, mas eu, como cidadão de bem, decidi me adiantar e alertar sobre o perigo real que ronda nossa pátria amada.

Militares cubanos infiltrados no programa “Mais Médicos” foram descobertos. O Comando Militar do Sudeste, que recebeu um grupo de médicos, deu a informação (Aqui - http://www.folhapolitica.org/2014/10/comando-militar-do-sudeste-descobre-que.html). O ministro da Defesa já foi informado, mas por enquanto não se manifestou (suspeita-se que ele também faça parte do plano). Agora não tem mais como negar, o comunismo está chegando ao Brasil e em pouco tempo, se não nos mexermos, seremos uma gigantesca Cuba. A denúncia foi feita pela digna, isenta e respeitada Folha Política, que já havia denunciado que no MST as crianças são doutrinadas para adorar Cuba e Fidel, e está repercutindo politicamente no Congresso graças ao sereno e decoroso deputado Jair Bolsonaro. O bravo deputado quer convocar o ministro da Defesa para dar explicações. Parece que não restam dúvidas: o “Mais Médicos” é um programa de fachada criado para trazer, sem levantar suspeitas, espiões, agentes e guerrilheiros cubanos para o Brasil e acobertar os planos da ditadura comunista. É a Sierra Maestra travestida de programa social!


Documentos secretos encontrados com os militares cubanos, ainda não revelados publicamente, revelam a tática de cubanização. Os médicos – militares experts em guerrilha rural disfarçados – disseminarão os valores socialistas entre as populações pobres das áreas rurais cobertas pelos programas assistencialistas do governo. Milícias rurais serão formadas para tomar de assalto as cidades periféricas, se apossar dos centros administrativos, sequestrar os bens da classe média para financiar a luta, e formar conselhos/comitês revolucionários – soviets à brasileira - para transferir o poder ao povo. O segundo passo é a conquista dos grandes centros urbanos e industriais. Nos estados já governados por comunistas a tarefa revolucionária vai ser mais fácil. Difícil mesmo vai ser São Paulo. Nos documentos apreendidos cogita-se possibilidade de erguer campos de trabalhos forçados para a incorrigível classe média paulistana. No estágio mais avançado da luta as milícias revolucionárias marcharão para Brasília para tomar simbolicamente o poder, uma vez que ele já está efetivamente nas mãos dos comunas, e declarar o Brasil um estado oficialmente socialista (Porque de fato só falta oficializar. Comunistas nós já somos há muito tempo. Só não vê quem não quer).

E eu que cheguei a pensar que essa conversa de ditadura comunista era lorota da direita! Reconheço minha ingenuidade. As pessoas de bem, guardiãs da moral, da verdade, e conhecedoras da história, já vinham alertando nas redes sociais sobre os planos do governo de implantar o comunismo no Brasil. Eu, na minha ingenuidade, achei que era bobagem, que era paranoia de direitistas fanáticos. Agora, antes que seja tarde, é trabalhar para organizar passeatas cívicas, com a família – heterossexual –, e marchar, ao lado das pessoas de bem, pela decência, pela verdade, pela dignidade, pelo porte de armas, contra o casamento gay e o aborto, portas de entrada do comunismo, e por um Brasil verde-amarelo, patriótico, redimido e livre da ameaça vermelha.


Dicas para a marcha pela libertação do Brasil:

1.   Recomenda-se abusar do verde e amarelo e usar discretos tons verde oliva nos adereços de mão e de cabeça (bolsas, chapéus, braceletes, echarpes, etc).

2.  Cartazes com fotos dos nossos heróis também caem bem (todos sambem quem são eles, não é?). Nosso mais recente herói a entrar para o panteão é o abençoado doutor Milton Pires.

3.  Os comunas e vândalos simpatizantes vão tentar se infiltrar na marcha para provocar a violência. Fiquem alertas. Grupos paramilitares, do nosso lado, estarão presentes para identificar os meliantes e escorraçá-los (estarão usando a letra grega SIGMA no braço direito, como discreta homenagem aos nossos heróis dos anos 30).

4.  Entoar o hino nacional e gritar, em homogêneo coro, “fora comunistas”, seguido de “sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor”, é altamente recomendável.

A família brasileira é mais forte que isso. #foracomunismo! #anauê! Venceremos!

Em tempo. O porto de Mariel, financiado pelo governo brasileiro, conhecido por patrocinar ditadores, é a primeira de uma série de colossais armações para construir uma infra-estrutura nas Américas para servir de base à disseminação do comunismo. Não caiam nesta conversa de que o financiamento do porto é uma estratégia brasileira de inserção no Caribe. Nada disso. É uma estratégia, mas comunista. É uma gigantesca plataforma vermelha para fortalecer o comunismo cubano, dar-lhe uma sobrevida, e propaga-lo em águas americanas. Porque não deram o nome de “Porto Che Guevara” de uma vez?




Não dá para ver bem, mas são todos militares disfarçados. Os comunas são mestres na arte do disfarce.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

SOBRE O DISCURSO QUE DILMA ROUSSEFF NÃO PROFERIU NA ONU.

SOBRE O DISCURSO QUE DILMA ROUSSEFF NÃO PROFERIU NA ONU.



Um dos assuntos mais comentados na semana foi o suposto discurso que Dilma Rousseff teria pronunciado na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, no dia 24, defendendo um diálogo com o grupo terrorista ISIS. A crítica foi implacável, acusando a presidenta de defender o Estado Islâmico e de ter envergonhado o Brasil internacionalmente. Num blog sediado na revista Veja, sugeriu-se, em tom agressivo, que Dilma deveria dialogar com os terroristas. Um jornalista famoso, comentando o que chamou de declarações absurdas de Dilma, alfinetou: “Por que não convida os decepadores de cabeças para conversar?” Aécio Neves, explorando o tema eleitoralmente, disse que “a presidente propõe diálogo com um grupo que está decapitando pessoas”. E por aí vai.

Tomei conhecimento do assunto (não acompanhei o discurso ao vivo) assistindo o comentário ácido de Arnaldo Jabor no Jornal da Globo. Fiquei surpreso. Fui à internet procurar o discurso e as entrevistas de Dilma sobre o assunto e não encontrei nada que se assemelhasse a uma proposta de diálogo com o Estado Islâmico. Construiu-se uma polêmica dos diabos em cima de algo que Dilma não disse. O que ela disse, com todas as letras, no interior de uma fala costurada por críticas ao uso da força nas relações internacionais, foi que os bombardeios não resolvem o problema e que o Brasil sempre defendeu as soluções negociadas. Alguma novidade? Transformar esta fala, de caráter geral e abrangente, numa proposta específica de diálogo com um grupo terrorista é, no mínimo, distorcer o discurso.

Na entrevista, que gerou toda a polêmica, Dilma disse: "Vocês acreditam que bombardear o Isis resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque, e o que se tem visto no Iraque é a paralisia". "Hoje a gente querer simplesmente bombardeando o Isis dizer que você resolve, porque o diálogo não dá. Eu acho que não dá, também, só o bombardeio, porque o bombardeio não leva a consequências de paz". "É minha obrigação defender que isso (a invasão do Iraque em 2003) não se repita. Que não se faça ações fora do âmbito da legalidade da ONU." "Além de eu achar que o Conselho tem que ser reformulado, acho que o Conselho tem de ter claramente o poder de rejeitar certo tipo de ação unilateral".

A crítica ao bombardeio, em particular, faz parte de uma crítica mais geral que o Brasil vem fazendo às ações militares desastrosas e unilaterais da coalizão capitaneada pelos Estados Unidos, que ferem o direito internacional e criam problemas maiores do que aqueles que visavam combater. A menção ao diálogo, tanto na entrevista quanto no discurso proferido na ONU, apontam para um reforço das instituições, do direito e uma recusa decidida do uso da força, da forma como vem sendo usada nas últimas duas décadas.

A fala de Dilma, fraca no seu conjunto, foi afinada com as grandes linhas da diplomacia brasileira. A defesa das instituições internacionais e do direito internacional como mediadores dos conflitos internacionais, presentes no discurso da presidenta, remonta à vigorosa e paradigmática defesa que Rui Barbosa fez do direito internacional e da tese da igualdade jurídica dos estados em Haia em 1907.

Fico me perguntando sobre o que os críticos do suposto discurso queriam ouvir da presidenta. Que o Brasil apoiava os bombardeios e uma nova intervenção militar no Iraque? Que estranho senso de justiça! O ISIS não se fortaleceu justamente sobre os escombros da invasão norte-americana e da destruição do estado iraquiano? Deveria o Brasil aplaudir e apoiar o justiçamento internacional e celebrar os bombardeios? Embora tenha achado o discurso fraco, estou de acordo com o ponto de vista que o Brasil levou à ONU, defendendo o papel das instituições internacionais, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e condenando o uso continuado e ineficaz da força. Em nenhum momento defendeu-se um diálogo com o grupo extremista. O discurso amparou-se na tradição pacifista e negociadora da diplomacia brasileira. O Brasil não é amador nesta área, não a este ponto, e não daria uma mancada como esta numa ocasião simbolicamente importante para a diplomacia e a política externa brasileira.



O discurso de Dilma contra o uso da força e o desprestígio das instituições internacionais, de resto, poderia ter sido mais contundente e apontado com mais clareza, por exemplo, as responsabilidades da coalizão – e dos Estados Unidos em particular - em relação aos extremismos que vicejam no Oriente Médio. Grupos como o ISIS são, em parte, um subproduto da desastrosa política externa norte americana intervencionista na região. Na linguagem do ultrarrealismo militarista, contra o qual o Brasil historicamente sempre se posicionou, só um bom bombardeio resolve o problema e, de quebra, anima a indústria bélica. O Brasil deveria também ter aproveitado a oportunidade e denunciado, com igual contundência, todos os atos de terrorismo.  



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

“INVASION OF THE BODY SNATCHERS”: UMA METÁFORA DO ANTICOMUNISMO, O SIMPLES PRAZER ESTÉTICO DO DESASTRE OU NEM UMA COISA NEM OUTRA?

“INVASION OF THE BODY SNATCHERS”: UMA METÁFORA DO ANTICOMUNISMO, O SIMPLES PRAZER ESTÉTICO DO DESASTRE OU NEM UMA COISA NEM OUTRA?

“O mistério do mundo está no visível, não no invisível”.
(Oscar Wilde).

“(...) ocorrer em todos os níveis do filme, como na sua relação com a sociedade. Seus  pontos de ajustamento, os das concordâncias e discordâncias com a ideologia, ajudam a descobrir o latente por trás do aparente, o não-visível através do visível”.
(Marc Ferro).

“People are pods. Many of my associates are certainly pods. They have no feelings. They exist, breathe, sleep.”
(Don Sieguel).

Escrevendo sobre “Guerra Mundial Z” (GMZ) me perguntava sobre os limites da interpretação. Explico-me. Interpretar um filme é, em parte, acrescentar algo nosso, estabelecer relações e conexões que nem sempre estavam nas preocupações do diretor, do roteirista, dos produtores, etc. Uma xícara sobre uma mesa, num filme de Kieslowski, poder ser simplesmente uma xícara sobre uma mesa. Querer ver na xícara algo que ela definitivamente não representa é adentrar nos domínios da hiperinterpretação. É, como diz o ditado, querer “achar pelo em ovo”. Sendo mais claro. Ao ler “GMZ” como uma alegoria política que exalta o papel global das organizações internacionais eu não estaria querendo ver no filme algo que não está lá? Será que GMZ não é apenas entretenimento ou a inteligente exploração comercial da “imaginação do desastre”? A resposta não é tão simples. Mas diria, antes de qualquer coisa, que um filme depois de lançado se desgarra dos seus realizadores, se emancipa, ganha o mundo e fica sujeito a diversas interpretações. Até aí tudo bem. Os filmes estão aí para serem vistos, lidos, interpretados. A interpretação é livre e inúmeros são os ângulos de observação. GMZ poderia ser lido por um historiador, por um internacionalista ou por um psicólogo, e teríamos abordagens distintas e plausíveis. Mas às vezes as interpretações vão longe demais, projetam-se conceitos e debates políticos tão estranhos que transformam o filme naquilo que ele não é.

Revi nesta semana o clássico sci-fi  de 1956 “Invasion of the body Snatchers”, de Don Sieguel, que chegou ao Brasil como “Vampiros de Almas”. Estavam lá a fotografia impecável de Ellsworth Fredericks e a montagem vertiginosa, que dita o ritmo da paranoia que aos poucos vai tomando conta da pequena cidade de Santa Mira, na Califórnia. Alienígenas que nascem em vagens (pods) invadem silenciosamente a cidade e se apossam dos corpos dos moradores enquanto dormem. Aos poucos vão substituindo os seres humanos por cópias fieis, mas destituídas de sentimentos e emoções. Dr. Miles Bennell, um médico que retorna à cidade depois de alguns meses fora, é surpreendido por uma onda de casos semelhantes. Diversos moradores relatam que seus parentes não são mais os mesmos, estão estranhos, frios e distantes. Um clima de histeria vai tomando conta dos moradores e a cidadezinha, antes acolhedora, familiar e segura, torna-se um lugar estranho e assustador. Dr. Miles, lutando contra o sono alienante e a desumanização, corre para alertar o mundo da invasão: "eles estão invadindo, estão chegando, e vocês serão os próximos!"

O horror, em “Invasion”, está no familiar que se tornou assustador. Nada de monstros horrendos e bolhas gosmentas que se arrastam pelas ruas. Como bem observou Kim Newman, “o filme vê o horror num tio cortando a relva, numa banca de vegetais abandonada à beira da estrada, num bar quase vazio, numa mãe a pôr uma planta no parque do bebê, ou numa multidão reunida às 7:45 de uma manhã de sábado”. O horror está em não saber quem é a pessoa que vive do teu lado. É perturbador! A desconfiança é generalizada. O sono tornou-se ameaçador, pois desarma e vulnerabiliza os seres humanos. O pior dos pesadelos é não poder dormir (“Nigthmare on Elmstreet” retomou, em grande estilo, o tema do medo de dormir).


Um filme como esse, num momento conturbado como foi a década de 1950, daria margem para especulações e inúmeras interpretações que tentariam relacioná-lo às questões políticas e sociais da época. As vagens alienígenas foram vistas por alguns críticos como grave ameaça a “sociedade patriarcal hegemônica do homem branco”. As lutas étnicas, feministas e os movimentos sociais, representados pelos alienígenas, que, de uma maneira geral reivindicavam direitos iguais, ameaçavam o domínio da América branca e masculina. Para outros os pods, como critica da política nuclear dos Estados Unidos, representariam o medo dos efeitos da radiação, geradora de doenças e deformações físicas. A onda de filmes com temas catastróficos nos anos 50 foi relacionada à corrida atômica e a exploração do medo. A ficção científica expressaria nestes filmes o medo inconsciente da catástrofe atômica. Mas a interpretação mais recorrente é a que sustenta que “Invasion” é um filme anticomunista. De acordo com esta linha de interpretação, o filme faz, por meio de uma alegoria extraterrestre, uma apologia do macarthismo. A invasão alienígena subverteria a ordem e submeteria a América a uma forma de vida coletiva, estranha ao modo de vida americano representado pela pacata Santa Mirna. Os alienígenas se apossam dos corpos das pessoas e as transformam em criaturas sem emoção, embora mantenham a mesma aparência. Os seres humanos duplicados perdem a individualidade, adquirem uma nova consciência e organizam-se coletivamente. As vagens representariam as sementes da revolução que, plantadas numa pequena cidade americana, rapidamente se espalhariam pelo mundo. O comunismo, a ideia alienígena, chegaria assim, sorrateira e silenciosamente, dominaria o mundo, alienaria os indivíduos e os organizaria numa sociedade puramente racional, livre do sentimentalismo, das paixões e do irracionalismo, onde todos seriam iguais e não existiriam conflitos e problemas. O filme expressaria a visão que parte da sociedade norte americana tinha do comunismo: uma coletividade inimiga da individualidade, sem vontade própria, desprovida de sentimentos, mecânica, totalitária e sem alma. Os alienígenas comunistas, como corpos invasores, disfarçados de cidadãos comuns, poderiam ser qualquer pessoa, um pai, um irmão, um tio, um colega de trabalho, um vizinho.  Agentes de uma invasão alienígena, as duplicatas humanas conspiravam contra os valores americanos.


“Invasion” tornou-se um clássico não apenas pelo virtuosismo cinematográfico, mas por ser uma suposta metáfora do anticomunismo. Tonou-se símbolo de uma época.

A sugestão do filme, seguindo esta interpretação, estaria nas entrelinhas da trama: a sociedade norte-americana deveria se manter acordada e vigilante diante da ameaça silenciosa que a rondava. O sono, como metáfora da fragilidade, representaria o descuido e o relaxamento diante de um inimigo tenaz e persistente. Era preciso desconfiar de todos e manter a América alerta.


A interpretação é envolvente, sedutora e bastante plausível. Mas “Invasion” é isso mesmo? É um filme macarthista?

Num texto inspirado chamado “A imaginação do desastre”, de 1965, sobre os temas da ficção científica do pós Segunda Guerra, Susan Sontag argumentou que o cinema-catástrofe constituía uma estética que, por sua vez, repousava no gosto do público e no prazer da contemplação do desastre. As implicações políticas ficariam mais por conta das interpretações dos críticos do que das intenções dos cineastas. Não pretendo dizer que não existam relações entre os filmes apocalípticos dos anos 50 com a corrida atômica e o anticomunismo. Apenas chamo a atenção, com Sontag, que a “imaginação do desastre” é muito anterior à década de 1950, sobreviveu à guerra fria e hoje é um dos mais bem sucedidos e apreciados gêneros cinematográficos. Existe uma linhagem cinematográfica a qual o filme se filia que não pode ser negligenciada. A “imaginação do desastre” se mantém justamente porque adapta o gosto do público por tragédias apocalípticas aos medos de cada época. Mas daí a afirmar que “Invasion” é um filme macarthista vai uma grande diferença. O que o diretor do filme teria a dizer sobre isso? O filme de Don Sieguel é baseado no livro de Jack Finney, “The Body Snatchers”. Finney surpreendeu-se com as interpretações do seu livro, considerando-as exageradas. Disse que escreveu uma história de terror e ficção científica para divertir os leitores. A adaptação para o cinema não foi fiel ao livro. No livro, o Dr. Miles consegue derrotar os invasores incendiando a estufa onde as vagens se encontram e salva Santa Mira, e o mundo, da ameaça alienígena. No filme o final é bem diferente. A percepção ligeiramente descrente de Sieguel sobre a humanidade e o olhar crítico do roteirista Daniel Mainwaring sobre o momento político do país parece que foram decisivos para a adaptação do livro para as telas.


Numa entrevista, Sieguel disse que ele e a equipe com a qual trabalhou no filme consideravam que a maioria das pessoas leva uma vida vegetativa: “But let me repeat that all of us who worked on the film believed in what I said — that the majority of people in the world unfortunately are pods, existing without any intellectual aspirations and incapable of love.” E arrematou: “People are pods. Many of my associates are certainly pods. They have no feelings. They exist, breathe, sleep.” Creio que as declarações de Sieguel apontam para uma possibilidade de leitura mais filosófica e menos histórico-sociológica do filme, uma leitura que transcende o contexto imediato mas que não necessariamente o ignora.

Don Sieguel negou qualquer relação do filme com as questões relacionadas ao macarthismo. Se a intenção do diretor ao adaptar o livro de Finney não era fazer um filme anticomunista, o que autorizaria então essa interpretação? Acredito que ao analisar um filme devemos levar em conta as intenções dos seus realizadores. Desconsiderá-las é o caminho mais curto para o determinismo sociológico.

Não custa lembrar que “Invasion” também foi interpretado como um filme antimacarthista. Os alienígenas foram vistos como uma ameaça interna, uma metáfora das mudanças que colocavam em risco as liberdades constitucionais. O conservadorismo macarthista perseguia o indivíduo, e as liberdades individuais, e poderia gerar uma sociedade vegetativa (composta de pods), despersonalizada e acéfala. Dr. Miles, neste caso, simbolizaria a luta contra a uniformização e a defesa das liberdades individuais.

Tirando por um instante o foco do contexto social e político, para evitar determinismos, e examinando o filme pelo ângulo da estética, seguindo os comentários de Steven Sanders (The Philosophy of Science Fiction Film), veremos que “Invasion” é uma narrativa de ficção científica construída a partir dos elementos visuais e dramáticos dos filmes noir da época. É, por isso, um filme que vai além das questões políticas que marcaram a década de 1950. Segundo Sanders: “Its flashback structure with voice-over narration, unusually angled shots, scenes of claustrophobic darkness, crisply rendered dialogue, and sense of sinister purpose and impending doom are characteristics of films of the classic film noir cycle (1941–58).” Os elementos estéticos nos oferecem ângulos de observação que pontam para os modos de significação de um filme, que não o reduz a uma relação estreita com o ambiente social que o cerca.  

Chovendo no molhado, diria que examinar um filme como “Invasion” apenas pelo ângulo histórico e sociológico é tão empobrecedor quanto lê-lo exclusivamente pela perspectiva da estética noir ou do desastre. “Invasion” é um filme de ficção científica, concebido a partir dos cânones estéticos do filme noir. Não levar isso em conta é perder de vista os modos de significação de um filme. Mas como deixar de considerar o contexto no qual os elementos estéticos e narrativos do filme foram articulados? A historicidade de um filme está no diálogo que ele mantém com o seu presente de produção. Os filmes carregam as marcas de sua época e, em certa medida, vão além das intenções dos autores. Ok. Mas se levarmos a sério as declarações de Don Sieguel, “Invasion” não pode ser visto nem como um filme macarthista nem com a simples exploração estética do desastre. A invasão dos pods parece ser uma metáfora da vida vegetativa e sem emoções, da ausência de sentimentos, da frieza e do automatismo de todos os dias. Sieguel questiona a existência humana insubstancial, vivida no piloto automático. O contexto político, a histeria, as perseguições e delações, podem ter aguçado e radicalizado esta percepção. Parece-me, pelas declarações de Sieguel, que é esta a relação do filme com o macarthismo. Ponto. Ver no filme uma apologia do anticomunismo já é cair nos domínios da hiperinterpretação (é querer “achar pelo em ovo”). Mas, considerando que um filme muitas vezes vai além das intenções dos autores, será que Don Sieguel, sem querer, fez um filme anticomunista? Não creio.



O filme teve três remakes. Philip Kaufman refilmou em grande estilo em 1978. Em 1993 foi a vez de Abel Ferrara e em 2007 Oliver Hirschbiegel dirigiu a terceira versão. São bons filmes, especialmente o de Kaufman, mas nenhum deles chegou perto do clássico de 1956. O filme de Don Sieguel continua imbatível!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

“CHÁVEZ NUESTRO QUE ESTÁS EN EL CIELO...”

“CHÁVEZ NUESTRO QUE ESTÁS EN EL CIELO...”




No encerramento da “I Oficina de Projeto de Sistema de Formação de Partido Socialista”, organizado pelo PSUV, foi lida uma oração em homenagem à Hugo Chávez. A oração, feita pela delegada do partido María Estrella Uribe, é uma versão chavista do Pai Nosso. A delegada pede a intervenção do santo para livrá-los das tentações do capitalismo e das maldades das oligarquias.

A adoração de Chávez como santo começou logo depois de sua morte. Hoje existe um culto à sua figura estabelecido na Venezuela e a exploração partidária da piedade popular.



Maduro, que não perde oportunidade para glorificar o santo de sua devoção, disse que Chávez é a única resposta: “Quando nos perguntamos que valores devemos formar e quando nos perguntamos onde devemos formar esses valores, há apenas uma resposta: devemos nos formar nos valores de Chávez, no combate diário na rua, criando, construindo revolução, fazendo revolução”.

Quando as respostas não são encontradas na terra, pede-se ajuda aos céus. Chávez tomou o lugar de deus no céu, e Maduro, seu intérprete privilegiado, junto com o PSUV, o partido-igreja da religião chavista, iluminam a marcha da “revolução” na terra.





Imagem de Chávez ao lado da imagem de Jesus.






Oração completa:

“Chávez nuestro que estás en el cielo, en la tierra, en el mar y en nosotros, los y las delegadas
Santificado sea tu nombre
Venga a nosotros tu legado para llevarlo a los pueblos de aquí y de allá 
Danos tu luz para que nos guíe cada día
No nos dejes caer en la tentación del capitalismo
Mas líbranos de la maldad y de la oligarquía ("como del delito del contrabando")
Porque de nosotros y nosotros es la patria, la paz y la vida
Por los siglos de los siglos, amén
¡Viva Chávez!”

Link para assistir a leitura da oração:
http://www.infobae.com/2014/09/01/1591784-chavez-nuestro-que-estas-los-cielos-la-nueva-plegaria-del-psuv