PAREM OS PROTESTOS QUE EU QUERO DESCER.
Para mim chega. Retiro-me das
ruas. Não quero dar lição em ninguém nem dizer para onde o movimento deve ir.
Simplesmente chega. Não vou caminhar ao lado daqueles que querem destruir a
democracia. Acredito na boa fé e nas melhores intenções da maioria, mas a maioria
conhece as bandeiras subreptícias que o movimento carrega? Já não sei mais o que as máscaras escondem.
Se é para protestar nas ruas pedindo o impeachment de uma presidenta eleita democraticamente, e sobre a qual não existem denúncias, eu me retiro.
1. Esperidião
Amin e a Crise do Capitalismo.
Ontem fiquei quase cinco horas parado
na ponte, sem conseguir entrar na ilha. Na terça eu estava na ponte, no meio da
manifestação, embora não muito à vontade, bloqueando a passagem. Foi bom estar
dos dois lados. Achei justo. Um dia como manifestante, outro como parte castigada
pelos protestos. Sim. Ficar cinco horas parado no carro é um castigo. Sem ter o
que fazer pensei muito sobre as manifestações enquanto ouvia a radia Guarujá. Lá
pelas tantas o apresentador do programa anunciou uma entrevista com Esperidião
Amin: “Deputado, o que o senhor está achando dos protestos?” Amim, que hoje
pertence à base aliada do governo do PT, disse que recolhia com humildade o
recado das ruas e via tudo aquilo como uma celebração da democracia. E começou
a falar, como se fosse um daqueles intelectuais apocalípticos, de uma crise dos
valores ocidentais e, sobretudo, de uma crise do capitalismo. É isso mesmo o
que vocês estão lendo, Amin fez críticas ao capitalismo, que ele chamou de desonesto,
e dos pilares da civilização ocidental. Pensei comigo: “o que está acontecendo?”
Amim criticando o capitalismo, a RBS apoiando os protestos, a polícia bloqueando
as pontes para os manifestantes, as bandeiras dos partidos de esquerda, que
sempre estiveram à frente dos protestos por um país mais decente, sendo atacadas
e proibidas. Foram cinco longas horas pensando e vendo uma multidão
atravessando a ponte a pé: eram manifestantes que voltavam para as suas casas e
trabalhadores que não tinham outro meio de voltar para os seus lares a não ser
a pé. Alguns rapazes, metidos naquelas máscaras que não me dizem nada, paravam
na janela do carro e me mostravam cartazes. Eu fazia um sinal de ok com o dedo para
eles irem logo embora. Funcionava. Adeus Guy Fawkes.
2. Estou
fora.
A onda de “protestos” está se
transformando numa tsunami conservadora. Não tenho interesse nisso. Ontem foi a gota d’água. E agora essa tal de
GREVE GERAL, marcada para o dia 1 de julho. Quem está chamando a Greve? Vocês
vão participar e não sabem quem está por trás? Acordem. Não me sinto à vontade com
o rumo que a coisa está tomando. Protesto não é espetáculo. Este país tem uma
história de protestos e lutas que não pode ser esquecida ou desconhecida.
Acordem para o passado. O Brasil existe bem antes da invenção do facebook. Não
gosto de muita coisa nestas manifestações. Não gosto das máscaras de Guy Fawkes e dos moletons da GAP (virou
uniforme?), não gosto das palavras de ordem, não gosto do ufanismo postiço, não
gosto da onda direitista, não gosto da interdição das bandeiras partidárias. Os
fascistas podem berrar à vontade e manifestar suas opiniões, mas os militantes
não podem segurar suas bandeiras partidárias? É este o entendimento que vocês
têm de democracia? Não vou mais. Não quero ser cúmplice de nada disso. Retiro
meu time de campo. Não acordei hoje. As manifestações parecem marchas cívicas. Os
manifestantes parecem seguir uma cartilha de como se manifestar. Será que vão
ganhar certificado da RBS e da GLOBO de bom comportamento no final dos
protestos? Cantam o hino pra tudo, o tempo todo. Que saco. Afinal, é um
protesto ou é demonstração de patriotismo? Mas o que eu posso fazer? A
manifestação não é minha. E não sou eu quem vai dizer como eles devem se
manifestar. Apenas me retiro. Não vou tentar impor minha bandeira, minha cor. A
única camisa vermelha que eu vestiria é a do COLORADO. É isso mesmo. Vou vestir
minha velha camisa vermelha – que um dia o Falcão e o Figueroa vestiram - e
ficar em casa vendo os jogos da Copa das Confederações. Viva o futebol.
Espetáculo por espetáculo..... Só está
faltando a GLOBO chamar o Galvão Bueno para narrar os protestos, com
comentários de Alexandre Garcia e Arnaldo Cesar Coelho. “Isso pode Arnaldo?” - “Veja
bem, Galvão, a regra é clara, passar da linha demarcada pela polícia é crime,
configura vandalismo.”
3. Sobre
os apartidários.
Mas não é só isso. Tem o outro lado.
Eis que, de repente, se declarar “apartidário” tornou-se uma monstruosidade
política. Que negócio é esse? A súbita valorização reativa das bandeiras
vermelhas e dos partidos (quais mesmo?), e os julgamentos ferozes lançados
sobre os manifestantes que não vestem vermelho, também me desgostam. O caráter
apartidário (não confundir com antipartidário) é uma das melhores coisas destas
manifestações. A esquerda, agitada porque não ter o controle dos protestos, vê
fascismos por toda parte. Cuidado. Nem todos que se declaram apartidários são
antipartidários. E o pessoal tem boas razões para querer distância dos
partidos. Não tem? Nem todos que gritam contra a corrupção são tucanos disfarçados.
Qual é? Fizeram barbeiragens no governo, se aliaram ao que tem de pior na
política nacional, e ainda querem liderar os protestos? Tenham a humildade (não
a do Amin) de ouvir e aprender alguma coisa.
4. Greve
Geral e movimentos da ultradireita.
Cuidado com a GREVE GERAL que
esta sendo convocada para o dia 1 de julho. Viram quem está chamando para a
Greve? Pesquisem o perfil dos sujeitos e vocês vão descobrir o que esta por
trás disso. O movimento Greve Geral ou o movimento Primeira Greve Geral no
Brasil, e suas respectivas páginas no facebook, são manifestações da ultradireita
fascista que pretende se assenhorear dos protestos e jogar a multidão contra o governo
Dilma. Leiam e analisem as enquetes na página do movimento GREVE GERAL e
saberão do que se trata. Não caiam nessa. Não se deixem levar por estes
fascistas oportunistas infiltrados no movimento. Eles não portam bandeiras
partidárias, mas sabem muito bem o que querem. Pesquisem o perfil de Felipe
Chamone (que está chamando a greve) e vejam o partido que ele apoia e os
projetos que ele defende. Parece que o sujeito gosta muito de armas. A imagem
que ilustra a página do movimento no facebook é a da uma multidão de
mascarados. A máscara de V de Vingança virou o disfarce da ultradireita?
5. O
Gigante Acordou?
Se o gigante acordou para se
deixar conduzir pelos grupelhos fascistas, é melhor que o gigante volte a
dormir. Querem “acordar” o gigante para jogá-lo contra a democracia? Estou
fora.
Em fim, uma voz consciente....
ResponderExcluirBelo texto, resume exatamente o que eu estpu sentindo agora...
ResponderExcluirCompartilho de sua opinião... Sabias palavras.
ResponderExcluirNão tenho a mesma linguagem culta que você meu amigo mas, desde o início nossa visão é a mesma...parabéns pelo seu texto!!!
ResponderExcluirVocê acha mesmo que uma simples redução de passagem irá mudar o país? Sendo que os corruptos ainda estão no Governo. Acha mesmo que a Senhora Dilma irá cumprir o que prometeu? Acha mesmo que ela não não culpa como outros? Faça-me rir! Caso a população não faça nada todo o trabalho até então conquistado servirá para nada.
ResponderExcluirNão digo que um impeachment seria a melhor solução, porém, algo gigantesco precisaria ser feito, mostrar que não estamos ali para brincadeira ou simplesmente um passatempo. E acho que você é um Petista. População não podemos parar até tirar essa cambada de corrupto do Governo. Vamos dizer não para COPA DO MUNDO.
Que democracia é essa, heim? Que o Governo faz o que bem quer!
ResponderExcluirSandra, você tem certeza que leu o que eu escrevi?
ResponderExcluirTenho certeza sim! Você acredita mesmo que ainda exista Direita e Esquerda? Acha mesmo que os manifestante estão se deixando influênciar por esses grupos facistas ou será pelo "ótimo" Governo? Concordo com você em alguns aspectos, porém, desistir não seria a melhor escolha.
ResponderExcluir1. Sim, acredito que ainda exista direita e esquerda.
ResponderExcluir2. Não disse que alguém está se deixando influenciar. Disse que tem muita gente nas manifestações levantando bandeiras ultradireitistas. E isso é perigoso. Antidemocrático.
3. "Ótimo" governo é por sua conta.
4. Não estou desistindo, estou me sentindo pouco a vontade.
5. Apoio totalmente o povo na rua. Mas queria queria ver protestos e menos desfiles cívicos.
Eu gostaria de alguns exemplos da existência(Direita e Esquerda)
ResponderExcluir,claro caso você esteja disposto? Porque o que vejo é somente interesses de ambos os lados.
Obs: não estou atacando você. Sei que é professor. Respeito isso!
Claro, Sandra. Estamos dialogando.
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