“ELES” QUEREM “CUIDAR” DE VOCÊ.
Perceberam que a palavra destas eleições é “cuidar”? Todos querem
“cuidar” da cidade, “cuidar” da gente. Não, não, obrigado. Cuidar
pertence ao mundo dos afetos, dos amores, das amizades, das famílias.
Cuidem das suas famílias, senhores prefeitos e vereadores, das suas
condutas. A cidade tem que ser administrada. Verbos transitivos a parte,
administrar e cuidar são coisas bem
diferentes. Administrar é uma técnica de governo, é do campo da
política, ou da arte de governar bem a cidade (Aristóteles). Cuidar é
transitivo amoroso, é da arte de amar. Trata-se da velha e necessária
distinção entre público e privado. Cuidar pertence à esfera privada,
administrar diz respeito à coisa pública. O prefeito pode cuidar do seu
jardim, mas deve administrar a cidade. A descontinuidade entre a casa e a
cidade é fundamental para separar o que é comum aos cidadãos daquilo
que é próprio do indivíduo. Administrem bem a cidade, de mim cuido eu.
Administrem a cidade com zelo pela coisa pública, observando as leis,
respeitando o plano diretor, as leis ambientais. Da minha família, da
minha vida, cuido eu.
Cuidados a parte, não fiquei nada
satisfeito com os novos (possíveis) administradores da cidade. Não fazem
distinções elementares entre público e privado, entre os compromissos
do administrador da cidade e os compromissos do homem privado, entre as
contas públicas e as suas contas particulares. Como não fazem estas
distinções, pretendem “cuidar” da cidade. Preciso ser mais explicito?
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