MANUAL DO PERFEITO ARROGANTE.
Um sujeito que atende pelo nome
de Paulo Nogueira publicou um texto intitulado “Manual do Perfeito Idiota
Brasileiro”, publicado numa página chamada “Diário do Centro do Mundo”. Li e
achei ofensivo, tremendamente arrogante. Na hora, sentei na minha mesa e escrevi
o texto abaixo.
Recomendo ler o Manual do Paulo
Nogueira antes de ler o meu texto.
Gosto de brincar com quem gosta
de brincar. O “Manual do Idiota” é uma brincadeira (de mau gosto). Então vamos
brincar mais um pouco. Não gosto de manuais, nem os de instalar aparelhos
eletrônicos, nem os políticos. Achei o “Manual do Perfeito Idiota” chato e
inacreditavelmente perverso. Chamou a maioria da população brasileira (que
elegeu Lula e Dilma) de idiota. Talvez o autor do Manual não saiba, mas no
Brasil as pessoas assistem a Globo, gostam do W. Boner, assistem ao Jô, gostam
do Jabor e votam no PT. Nem todo mundo vê o mundo a partir de quadros de ferro.
Eu mesmo, que gosto de ler os textos do Demétrio Magnoli, do Marco Antonio
Villa e alguma coisa do Pondé, me senti ofendido pelo bacana. Como não me
considero um Idiota, resolvi entrar na brincadeira.
Paulo Nogueira, autor do texto,
escreve de Londres, numa página chamada “Diário do Centro do Mundo” (um tanto
eurocêntrico, não é?). Foi editor assistente da Veja. Repararam que ele não
cita a Veja no texto? Cita e critica todo mundo por ele identificado como
conservador, golpista, etc, mas não menciona a Veja. Por que será? Saudades?
Quer o emprego de volta? É esse o cara que escreve um “Manual do Perfeito
Idiota Brasileiro”? A revista Veja é o alvo preferencial de cronistas da
blogosfera, identificados com o Lulo-petismo, do perfil de Paulo Nogueira. Curioso,
não acham? Uma rápida investigação sobre a trajetória do sujeito explica muita
coisa.
Depois de ler o texto não tive
como não propor um contraponto. O que me veio à cabeça, imediatamente, foi
inventar o “Manual do Perfeito Arrogante”. O Perfeito Arrogante (PA), por
oposição ao que esta no texto, gosta de Nassif, de W. Allen (mas creio que não
compreenda bem os filmes do diretor de Manhattan), deve ser leitor diário do
Portal Carta Maior (que para mim é a versão da Veja num outro espectro
político), acredita que Joaquim Barbosa é o vilão (e que esta a serviço de uma
coisa chamada PIG) e que os panelaços na Argentina são manipulados pelo Clarim
(embora aconteçam 115 panelaços pelo país organizados pela população). O PA
acorda às 11 da manhã (porque entrou madrugada adentro lendo Emir Sader),
recita trechos de algum discurso remoto de Fidel Castro, passa rápido pela sala
e briga com a mãe ou com a mulher que esta assistindo “Encontro, com Fátima
Bernardes”, engole uma tigela de leite com cereais e volta para o quarto para
dormir mais um pouco (a tarde deve encontrar-se com amigos para participar de
algum Coletivo). O PA acredita que vive numa batalha épica e teleológica. Por
isso esse olhar de juízo final que ele lança sobre o mundo.
O PA é articulado, tem respostas para tudo e
julgamentos afiados para desferir contra os que considera seus oponentes (basta
ler o Manual). O PA sabe o que quer (politicamente falando ele não sabe o que é
ter dúvidas), e quer que os outros queiram o que ele quer. O PA quer dizer aos
outros o que devem ler, como devem ler, o que devem assistir, como devem
observar o cenário político e como devem avaliar o governo Dilma. O PA não tem
dúvidas de que quem faz criticas ao governo e a corrupção da esquerda é leitor
da Veja e seguidor de Reinaldo Azevedo (também um perfeito arrogante). Não
existe outra possibilidade para o PA além do campo binário que opõe as forças
progressistas e as forças conservadoras. O PA pretende dirigir o gosto, a
vontade, as decisões e administrar a soberania alheia. O PA encarna hoje o
oficialismo governista. Esta numa cruzada contra as forças do mal que se opõe
ao governo popular que sepultou a era das trevas que marcou o Brasil da década
de 1990. O PA é um perfeito guia teleológico da vontade alheia. Quem ousar
discordar e tentar seguir outro caminho é denominado, no vocabulário cifrado do
PA, de Idiota.
Manual por Manual, prefiro um sobre vinhos que tenho aqui
casa.
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