RAIN DOGS
ESTADOLATRIA: o espectro que ronda a América do Sul. Não é o estado como meio, mas como fim. Não é o estado como defensor das liberdades, mas o estado como ditador das vontades. Querem combater um mal fortalecendo outro que, dependendo de quem o controle, pode ser ainda pior. O “Ovo da Serpente”, do Bergman, precisa ser revisto.
ESTADOLATRIA: o espectro que ronda a América do Sul. Não é o estado como meio, mas como fim. Não é o estado como defensor das liberdades, mas o estado como ditador das vontades. Querem combater um mal fortalecendo outro que, dependendo de quem o controle, pode ser ainda pior. O “Ovo da Serpente”, do Bergman, precisa ser revisto.
Uma guerra esta sendo travada na
América do Sul. De um lado, governos populistas, bonapartistas, pseudo
populares e tendencialmente totalitários, que foram adotados pelas esquerdas
como possibilidade histórica para derrotar os grupos conservadores da região.
De outro, uma mídia conservadora, a velha direita autoritária, mesquinha, que
concentra poderes no campo da comunicação social e carrega um passado ligado ao
que de pior, em termos políticos, a região já enfrentou. Um pretende ser o
antídoto para o outro. Acho que não. Veneno de cobra para neutralizar veneno de
cobra não se aplica à política.
Sinto-me, neste
momento, como aquele cachorro que se abrigou debaixo de uma marquise para se
proteger da chuva. A chuva forte lavou as ruas, as calçadas, as paredes, os
muros. Quando a chuva passou, e o cachorro pode finalmente retomar seu rumo, já
não havia mais os cheiros, os odores e as pistas com as quais ele identificava
o caminho.
É. O momento é para quem tem certezas.
É para quem não tem dúvidas sobre qual caminho seguir. Alguns líderes sul
americanos julgam ser os portadores contemporâneos do sentido da história (Os
mais exaltados falam em socialismo do século XXI). A velha direita tem certeza
que a história acabou no final da década de 1980 (São hegelianos pelas mãos do Fukuyama).
Eu perdi, ou abandonei, parte das referências. Os cheiros e adores desapareceram. As referências que vem da direita nunca me interessaram, as que vêm da esquerda não as reconheço mais. Profundamente desconfiado, como cachorro sem dono, sem coleira e sem pedigree, sigo em frente.
Eu perdi, ou abandonei, parte das referências. Os cheiros e adores desapareceram. As referências que vem da direita nunca me interessaram, as que vêm da esquerda não as reconheço mais. Profundamente desconfiado, como cachorro sem dono, sem coleira e sem pedigree, sigo em frente.
Cachorros-sem-dono do mundo,
uni-vos.
Que tal um bom vinil do Tom Waits
para desfazer certezas e esperar a chuva?
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